Ele tamborilou a bola de capotão que pertenceu ao seu avô com todos os dedos da mão direita. Triste, um olhar sofrido tomou-lhe os olhos. A bola caiu de suas mãos rolando pelo chão de areia, ele a perseguiu com a vista e imaginou duas rodas, um aro, dois pedais, um guidom e um selim.
Repentinamente seus pés pedalavam uma bicicleta azul com aros amarelos e selim grafitado de girassóis. Mas eram de outros olhos o sentimento de felicidade estampado nos seus.
Ele se sentou na calçada com a bola de capotão no colo, os dois cotovelos nos joelhos, o queixo nas palmas das mãos e trouxe os seus olhos sofridos de volta. Aos seus olhos vieram lágrimas e a tristeza de sempre.
- Hei! Você está inundando o meu caminho.
Sem virar-se para trás, respondeu rispidamente:
- Pode parar, seu bobo. Você não me engana de novo.
- Pode parar, seu bobo. Você não me engana de novo.
- Como de novo se eu não te conheço?
- Tá bom! Você não me conhece, não conhece o seu irmão.
- Há! Há! Há! Se eu sou uma formiga e você um menino, me explica como podemos ser irmãos.
- Formiga?!?!?!?!?!
Quando o menino olhou para baixo, uma formiga sorridente com as antenas vibrando de emoção lhe disse: Oi!
Ainda que assustado, não se impressionou como da outra vez. Usando as costas da mão para enxugar as lágrimas, o menino logo lhe contou o motivo de tanta tristeza.
- Foi isso? Simples de resolver! Vá lá dentro, peça perdão aos seus pais e, principalmente, ao seu irmão. Quando voltar não se esqueça de trazer a bola de capotão do seu avô.
- Como você sabe que é dele?
- Essa é outra história que não me cabe contar.
- Posso trazer, também, a bola de gude?
- Sim. Depressa! O portal vai fechar a meia-noite.
Portal? Não entendendo muito o quê estava acontecendo, mas temendo estragar a situação mágica em que se encontrava, não titubeou. Girou em seus calcanhares e correu para dentro de casa.
Quando voltou era outro menino, saltitando, feliz, nada tinha de rapaz.
- Agora, chuta a bola para mim. – pediu a formiga. O menino ficou preocupado, achando que iria esmagar a pobrezinha. Mas, fez como ela havia mandado.
Na vez da formiga devolver a bola, ao invés de chutá-la de volta para o menino, chutou-a para cima.
- No três pulamos.
- Em quê? – perguntou o menino.
- Na bola, ora!
- Qual bola? Você a despachou para o alto!
- Mais atenção menino! Não vê que ela já está descendo? Um, dois, três.
- Espera, minha bola de gude caiu!
A formiga agarrou na perna da calça do menino e chutou a bola de gude para o alto. O menino, com a mão esquerda, pegou-a e guardou-a no bolso da camisa.
E, assim, a viagem começou tranquila.
Continua...
Muito obrigado pelas palavras de força em meu blog...estava mesmo precisando viu.
ResponderExcluirGosto muito da música Vento no Litoral que toca aqui....lembro de um grande amigo que perdi a 11 anos atrás...nossa.
Abraços
de luz e paz
Hugo
Uma história encantada, ou uma fábula lírica.
ResponderExcluirEstou amando curtir.
Bjs.
Virei para ler o final..kkk... beijokas.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirEstou gostando muito deste conto; Quantas vezes esperei algo e tive outra coisa?!
Porém, ainda é cedo para dizer qualquer coisa, não é?
Por favor não pare de escrever, ok?
Abraços :)
Uma bela continuação para a história. Gostei da parte do perdão, é uma boa lição que nós adultos temos dificuldade em aprender, de uma vez por todas, mas chegamos lá.
ResponderExcluirEstou aqui imaginando que viagem é esta e para que lugar mágico (?) esses dois irão.
Imagino que muito aprontarão!
Um abraço e bom final de semana
Obrigada por me visitar, fiquei muito feliz. Espero que volte!
ResponderExcluirLindo texto e esta música... que envolve. Beijo
Ótimo sua visita, vou segui-lo e acompanhar seus contos.
ResponderExcluirEssa primeira amostra fez-me viajar. sei que vai ser bom.
abraços